domingo, agosto 02, 2009

Precipito-me

Acordo de manhã, já com a sensação de pressa. Estou outra vez atrasada. É inevitável.
Precipito-me para fora da cama, arranjo-me o mais rápido que consigo, a primeira roupa que vem à mão, sacudo o cabelo, engulo um copo de leite à pressa. Meto-me no carro e vou.
O relógio continua a correr, determinado a deixar-me atrasada.
Corro ao longo dos quilómetros da estrada.
Pela mente passa-me uma pergunta: Como é que eu consigo andar sempre atrasada? Sempre nestas correrias?... e os quilómetros parecem lentos a passar...
Um acidente! Não me faltava mais nada! Mais uma para me atrasar!
Provavelmente por causa do excesso de velocidade! É sempre a mesma coisa! Parece que a coisa foi feia!
Suspiro! Nunca mais lá chego!
Acordo de manhã a correr para o que tem de ser feito. A nossa vida, o que nos dá o sustento. Pareço a minha avó a falar... Despachem-se!
Sempre em atraso!
E continua o monólogo!
Como é que eu consigo acordar assim? Quando é que eu vou acordar lenta e preguiçosamente? Sabe tão bem! Hoje definitivamente sabia bem! A palavra aqui é: precipito-me! Tenho que ver se consigo parar de me precipitar para fora da cama, parar de me precipitar para vestir, parar de me precipitar a tomar o pequeno almoço, parar de me precipitar para o carroe na estrada, a galgar quilómetros, numa luta desenfreada entre o carro e a estrada que se estende à frente, e como Tempo a fazer de Joker! Definitivamente, tenho que começar a deixar as coisas passar por mim e não eu a correr pelas coisas! Eu adoro contemplar! Tenho que começar a fazê-lo mais vezes!
Só é pena ter morrido hoje... houve um acidente.
(Passou-me isto pela cabeça quando ia a correr para mais uma reunião. Garanto-vos que reduzi a velocidade quando ouvi a última frase!)