sexta-feira, outubro 20, 2006

Não é tarde para curar o mundo



"A terra e os elementos têm capacidade para curar-se. Quem sabe isto não ocorra durante nossa vida, mas tudo leva seu tempo e vai ser necessário um bom grupo de pessoas que creiam nisso".(Flordemayo - Avó Maya)
Treze avós indígenas procedentes de todos os cantos da Terra, desde as tribos norte-americanas até a Índia, passando pelo Brasil, África e selva amazónica. Elas uniram-se com um objectivo comum: curar o mundo. Houve um tempo, não há muitos anos, em que os anciões eram respeitados e admirados pela sua experiência. A eles recorria-se para pedir conselhos; eles tinham quase a última palavra dentro das famílias. Mas hoje, na maioria das sociedades ocidentais, a estrutura familiar mudou: reduziu-se drasticamente e é cada vez mais rara a convivência de três (ou mais) gerações num mesmo espaço. O papel dos avós limita-se, em muitos casos, a cuidar dos netos que seus próprios filhos não podem atender devido às extensivas jornadas de trabalho. A nossa sociedade rende culto à juventude (aparente ou real) e à novidade, em detrimento da experiência e sabedoria.
Quem nos orienta então? Como encontrar esta voz da experiência?A resposta chega dos que seguem vivendo em contacto estreito com a Natureza: os grupos indígenas.
Entre os índios americanos, as tribos africanas e da Amazônia, os povos do Ártico ou as comunidades espirituais do Tibet, os anciões são um exemplo, apoio e comando. Dentre estes anciões, têm sido as mulheres as que têm se colocado em marcha para o que consideram uma tarefa de vital importância: trazer a sua experiência para curar um mundo que tem vindo a sofrer com a fome, as doenças, as guerras, a falta de diálogo e a morte lenta da Natureza.
As "GrandMothers" (ou Avós) são um conselho de treze mulheres indígenas de todo o mundo reunidas para uma múltipla reivindicação: pelo valor dos anciões, pelo respeito à mulher, pela preservação de suas culturas e pela salvação da Terra e de todos os seres que a habitam. Contam para isso, com meios quase exclusivamente espirituais: as Avós possuem a sabedoria que pode nos curar, baseada em seu contato directo com a Natureza e os ensinamentos transmitidos de geração em geração. Ensinam a fazer frente ao desequilíbrio actual e à doença com a fé, a tradição e a medicina natural.
Desde sempre, fazem-no desde suas zonas de origem; mas há apenas um ano, trabalham para todo o planeta no Congresso Internacional das Treze Avós.
Quem são elas:
Aama Bambo - Nepal
Margaret Behan - Cheyenne-Arapahoe
Rita Pitka Blumenstein -Yupik
Julieta Casimiro - Mazateca
Maria Alice Campos Freire - Brasil
Flordemayo - Maya
Tsering Dolma Gyalthong - Tibet
Beatrice Long Visitor Holy Dance - Lakota
Rita Long Visitor Holy Dance - Lakota
Agnes Pilgrim - Takelma Siletz
Mona Polacca - Hopi/ Havasupai
Bernadette Rebienot - Bwiti
Clara Shinobu Iura - Brasil

2 comentários:

marta, a menina do blog disse...

Espero que os meus filhos tenham a sorte de, como eu, serem também criados pelos avós.
Tenho pena das crianças que são despejadas num infantário (enquanto os avós são despejados num lar...), como acontece nos dias de hoje.
Só espero que tenham mais sorte que eu... e que não tenam de ouvir as músicas de rancho qua a minha avó amélia sempre adorou...

Bxana disse...

Como tens razão! Trabalhei muito tempo como voluntária de acção social, com idosos, e isto acontece - são completamente abandonados, sem direito a ser ouvidos, deixam de ter opinião válida aos olhos da família, e deixam de ser considerados válidos, aos olhos deste mundo do século XXI. E sim, a palavra "despejo" é completamente adequada a estas situações...

Luto para que isso não aconteça, e enche-me de alegria saber que há mais gente que pensa e faz o mesmo :)