quinta-feira, agosto 16, 2007

O Convite


Não me interessa saber o que tu fazes para ganhar a vida.

Eu quero saber por que anseias

e se te atreves a sonhar com a realização dos teus desejos.


Não me interessa saber qual a tua idade.

Só quero saber se és capaz de te arriscar a parecer tolo,

por amor, pelos teus sonhos, pela aventura de estar vivo.


Não me interessa saber que planetas enquadram a tua lua.

Quero saber se tocaste no âmago do teu próprio desgosto,

se estiveste aberto às traições da vida

ou se te tornaste fechado e encolhido com receio de mais desgostos.


Quero saber se és capaz de suportar a dor,

a minha ou a tua,

sem te tentares esconder para a ocultar ou atenuar.


Quero saber se podes sentir a alegria,

a minha ou a tua,

se és capaz de dançar loucamente

e deixar que o êxtase te invada até à ponta dos dedos,

sem nos dizeres para termos cautela, para sermos realistas,

para recordar as limitações de sermos humanos.


Não me interessa se a história que estás a contar-me é verdadeira.

Quero saber se és capaz de desapontar alguém para ser verdadeiro contigo mesmo,

se és capaz de suportar as acusações de traição

sem atraiçoar a tua própria alma,

se podes não ser fiel aos teus compromissos e,

no entanto, ser de confiança.


Quero saber se és capaz de ver a beleza

mesmo quando não é bonita, em cada dia,

e se podes basear a tua própria vida na sua presença.


Quero saber se és capaz de viver com o fracasso,

o teu e o dos outros,

e mesmo assim ficar de pé na margem do lago

e gritar para a Lua solitária: "Sim!"


Não me importa saber onde vives ou quanto dinheiro tens.

O que preciso de saber é se és capaz de te levantar,

cansado e exausto, depois de uma noite de desespero,

e fazer o que for necessário para cuidar dos teus filhos.


Não me interessa saber quem conheces ou como vieste aqui parar.

O que quero saber é se serás capaz de ficar no centro do fogo,

comigo, sem recuar.


Não me importa conhecer o que estudaste, onde estudaste ou com quem.

O que quero é saber o que te mantém de pé, interiormente,

quando tudo o resto falha.


Quero saber se és capaz de estar sozinha,

contigo mesma e se gostas verdadeiramente da companhia que proporcionas

a ti própria, nos momentos vazios.


Oriah Mountain Dreamer "The Call"